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Clínica do Adolescente

A adolescência é o período de desenvolvimento psicológico, despoletado pelas mudanças fisiológicas da puberdade, que possibilita a transição da infância à adultícia. 


Constitui-se como uma crise normativa, isto é, uma fase normal de conflitos agudizados, caracterizada por uma flutuação do Eu e por um grande potencial de crescimento que possibilita a resolução de conflitos da infância.

 

Nesta nova fase evolutiva é comum surgirem sentimentos de angústia e de confusão. As modificações corporais são frequentemente fonte de ansiedade por no lugar do corpo conhecido da criança ir surgindo um novo corpo com proporções e funções ainda desconhecidas.


Nesta porta de entrada para a vida adulta, o adolescente renuncia progressivamente à dependência dos pais, aproxima-se dos pares, experimenta ser autónomo e arrisca valer-se a si mesmo, fruto das suas novas capacidades, aceitando responsabilidades e aspirando a novas conquistas.


Contudo, a ambivalência marcará este período transitório, em que o adolescente tanto luta pela independência, como a irá pôr em causa, como às suas capacidades e vontades, regredindo.


O adolescente precisa também de responder à pergunta “quem sou eu” para poder viver com alguma tranquilidade e autenticidade, pelo que este é um período marcado pela definição da identidade em que o jovem experimenta diversos papéis. É este processo que lhe permite estabelecer a ponte entre quem foi enquanto criança e quem vislumbra vir a ser enquanto adulto. Para tal, é fundamental a reconciliação entre a forma como o adolescente se pensa e sente com o modo como se sente reconhecido nos diferentes contextos sociais onde se insere, nomeadamente na família e escola. Este reconhecimento vai muito além das suas aparentes conquistas. Prende-se sobretudo com o sentimento de que as pessoas reconhecem a sua individualidade, que se vai progressivamente instalando, e que atribuem significado às suas idiossincrasias, atribuindo-lhe um estatuto. 


Assim, a adolescência, por ser uma fase de grandes transformações em que o adolescente revê e reformula a imagem de si próprio e dos outros, é uma época óptima para se iniciar um trabalho de psicoterapia. As estruturas de personalidade ainda não estão completamente sedimentadas e, portanto, é uma etapa em que ainda muito pode ser modificado.


E os pais do adolescente?
Também os pais sofrem ao longo do processo. Vêem-se perante a delimitação de novas fronteiras, que visam permitir ao adolescente partir e voltar. Têm de encontrar um novo lugar, um novo papel, rever os seus investimentos no mundo exterior.


Também eles têm que se desprender do filho criança e evoluir para uma relação com o filho adulto, o que implica muitas renúncias da sua parte. Ao ‘perderem o corpo’ do seu filho criança confrontam-se com o seu envelhecimento. Além do mais, têm que abandonar a imagem idealizada que o seu filho criou, pois deixam de ser vistos como heróis e passam a ser alvo de ambivalência, questionamento e críticas. Por outro lado, as capacidades e conquistas crescentes do filho obrigam-os a frequentemente a confrontarem-se com as suas capacidades e a fazer um balanço das suas conquistas e fracassos.

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